sábado, 26 de dezembro de 2009

TRANS BORDADO DE FLORES

O cimento pode ser leve como a brisa
Como o vento que sopra triste no rosto
Sepultado o cimento canta
Com rosas submersas

Dentro do rígido cimento há um rio
Morto como aquele presente esquecido
Morto como aquele sangue doce que um dia volta
Vivo como um bordado de flores

Sentado como quem rega um jardim
Vou costurando o meu passado
Contemplando a vida que continua
Gota a gota nas pegadas
Riso a riso nas lágrimas esquecidas

A canção antiga de leve volta
Beija o rosto, acaricia
Nas lembranças teu sorriso canta
E num abraço me rega a vida

Sei que a carne de outrora é rio
Que as mãos são delicadeza
E que a surpresa da tua chegada
Agora é infinita

Mas de surpresas se faz a vida
E é amamentando que se lambe a cria
É na toalha que envolve o corpo
Que o amor se pronuncia...

Na janela de um antigo prédio
A memória te traz infinda
Sorriso leve, aceno breve
Da sacada tu me traz a vida

Meu sangue é semente de uma árvore
Antiga. Plantada por teu rio
Se não estás mais, não chores,
Em mim estarás ainda.


(Para minha sempre Avó)